sexta-feira, 25 de novembro de 2011

“In”: EL PAÍS - (Economia Consciente)


Se você é director geral, por favor leia as linhas que se seguem, mas não acredita em nada.
Na medida em que este artigo lhe pareça útil e interessante, convidamo-lo a que verifique toda a informação que possua através da sua própria experiência. Somente tudo lhe chamará a atenção se, neste momento da sua vida, tanto você como a empresa que representa sentirem necessidade de mudança. Se não for assim não perca o seu valioso tempo a ler este artigo.
Esta reflexão dirige-se aqueles directores gerais que estão reorganizando o funcionamento das suas estruturas como consequência da crise de valores e de consciência de que padece actualmente a sociedade.
Como sabe, a forma rentável e o crescimento da sua empresa deixou entretanto de ser eficiente o que é de todo insustentável.
De facto cada vez mais sociólogos e economistas coincidem em que este “velho paradigma económico” está em decadência e que a sua transformação é iniludível e inevitável.
Referimo-nos à visão materialista do mundo que provoca que as organizações tenham como ”Deus” o capital, e como único objectivo, ganhar dinheiro. Referimo-nos ao enfoque mecanicista e utilitarista do trabalho, em que os chefes tratam os seus colaboradores como máquinas, impedindo-lhes de desenvolver o seu potencial. Referimo-nos à perspectiva vitimicista da vida que nos leva a sofrer inutilmente por não se aceitar que as nossas condições laborais são como são.
O principal resultado de funcionar segundo o sistema de crenças deste “velho paradigma
económico” é a nossa obsessão de procurar ter ( a dimensão tangível) o que pouco a pouco nos foi retirado. Por isso mesmo é que temos mais riqueza que nunca, mas somos efectivamente mais pobres. A prova disto é que o vazio existencial se converteu numa
enfermidade contemporânea, e o Prozac, fármaco antidepressivo se tornou em líder de vendas.
Construímos uma sociedade edificada sobre dois pilares:
o consumo e o entretenimento. É assim que tratamos de apaziguar a nossa insatisfação, fugindo constantemente de nós mesmos.
Frente a este cenário psicológico e económico, cabe perguntar: - Que sentido tem tudo isto? - Até quando continuaremos a propor o inevitável?
Se como director geral vem desenvolvendo este tipo de reflexões filosóficas saiba que não é o único. Obviamente que faz parte de uma escassa minoria de executivos responsáveis que deram conta de que está na hora de mudar. E não é por razões morais, mas sim por razões económicas. O que está em jogo é a sobrevivência da organização
que você hoje lidera.
Estamos a presenciar o amanhecer de um “novo paradigma económico” baseado nos últimos conhecimentos científicos sobre a natureza da realidade dos seres humanos que dela fazem parte. A esta nova forma de entender a vida denomina-se de “posmaterialismo”. Quer dizer, a visão de que o mundo está composto por uma parte material e por outra imaterial, promovendo o equilíbrio entre o que temos e o que somos. Este enfoque integrador motiva sem dúvida as empresas a alienar o seu legítimo afã de lucro com o bem-estar dos seus trabalhadores, e o respeito pelo meio ambiente e, também, motiva as organizações a criar riqueza real para a sociedade, deixando de ver o dinheiro como um objectivo em si mesmo para concebê-lo como um resultado de sua contribuição. Em paralelo este “novo paradigma económico” inspira a que os chefes intermédios desenvolvam as suas competências emocionais de maneira a que aprendam a gerir os seus colaboradores de uma forma mais construtiva e eficiente. Assim sendo para que esta nova perspectiva de vida se consolide, a mudança mais importante
é o que temos que fazer individualmente. E para isso devemos abandonar a postura existencial do vitimismo para treinar a responsabilidade pessoal.
Temos que compreender e interiorizar que somos livres para promover as nossas atitudes e para tomar as decisões mais adequadas em cada momento.
Se conseguiu ler até aqui, convidámo- lo a responder às seguintes questões:
- Qual é o nível de satisfação da grande maioria dos seus trabalhadores?
– Como faz a gestão dos empregados intermédios e dos seus colaboradores?
– Quais são as crenças e os valores que constituem a cultura organizacional da empresa que você dirige? E o mais importante: - Que impacto têm todos estes intangíveis na conta final de resultados? Talvez tudo isto lhe pareçam balelas, mas saiba que efectivamente está emergindo uma nova espécie directiva: o director de cultura organizacional. Este cargo está vinculado ao director de pessoas – o qual no “velho paradigma económico” se denomina de “director dos recursos humanos” – e se reporta directamente a si.
A sua missão é acompanhar a empresa no seu processo de mudança, adaptando a função e o funcionamento da empresa ao “novo paradigma económico”.
Entre outras competências este tipo de executivo promove o “auto conhecimento organizacional” por meio de uma extensa radiografia da empresa, contemplando tanto o tangível como o intangível. Através de uma pesquisa voluntária todos os seres humanos
que compõem a empresa devem poder expressar a sua opinião sobre como vivem o seu dia-a-dia laboral, especialmente sobre os aspectos que podem ser melhorados. Em paralelo também se realizam entrevistas estratégicas aos três níveis da empresa: alta direcção, chefes intermédios e os restantes trabalhadores.
Como resultado desta investigação elabora-se um dossier sobre o estado actual da empresa que servirá como rota para traçar um plano de “desenvolvimento organizacional”.
Dada a complexidade inerente a este desafio, o director da cultura organizacional não só deve ser uma pessoa comprometida com o seu próprio “trabalho interior”, como deve contar com uma rede de especialistas em “coaching” e da inteligência emocional.
O objectivo é o de detectar quais são as crenças que predominam na instituição, analisando os resultados que estão tendo sobre os três níveis da empresa, alinhando os valores da empresa com os dos seus trabalhadores. Uma vez executado valoriza-se o impacto que teve o desenvolvimento organizacional, tanto a nível quantitativo como qualitativo.
Por último, e não menos importante, este director também tem a missão de promover a “liderança organizacional”.
Nesta etapa do percurso alguns directores gerais definem uma necessidade transcendente que os leva a reformular a sua estratégia de negócio Não é mais do que uma chamada para criar ênfase através dos seus valores intrinsecamente humanos. Fazem-no, pois, em função de uma série de perguntas cujas respostas marcam a direcção para a qual se dirige a empresa: - Que sentido quer que tenha a empresa que dirige? – Qual é o legado que quer deixar à sociedade?
Pois é graças a este processo de “aprendizagem organizacional” que a empresa deixa de funcionar por inércia e evolui de forma consciente. É assim que se interioriza a filosofia da mudança permanente, permitindo-lhe enfrentar os novos desafios do futuro com maior eficiência e atingindo o fim mais desejado: uma abundância económica sustentável.
Chegados a este ponto basta recordar que este processo só dá os seus frutos a médio prazo, quando o director geral sente a necessidade de mudança e crê na possibilidade de criar uma nova maneira de liderar a sua organização.
Parece um caminho longo, mas é uma questão de dar o primeiro passo. Pode começar por fazer a si próprio uma simples pergunta: - Que faria se não tivesse medo?

O seu objectivo é criar valor na empresa através de seus valores Intrinsecamente Humanos

Está emergindo uma nova espécie directiva: o director de cultura organizacional

“A loucura é seguir fazendo o mesmo e esperar resultados diferentes”
(Albert Einstein)

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